Opinião: dialogando sobre matrimônio igualitário

Já está redigido o documento que exprime a opinião de anglicanos e anglicanas homoafetivos sobre oficialização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB). As ideias foram construídas a partir de conversas entre leigos e clérigos homoafetivos da Bahia, Distrito Federal, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. O encontro aconteceu no Instituto São Boaventura - Asa Norte, Brasília - neste último final de semana de maio.

Capela do Instituto São Boaventura

A metodologia aplicada possibilitou mesclar debates, missa e visita na Catedral da Ressurreição (sede da Diocese Anglicana de Brasília). Na noite de sexta-feira (25) houve a socialização de histórias de vida, onde eram comuns relatos de exclusão noutras denominações. Já no sábado (26) foi momento de pontuar como a homoafetividade protagonizou episódios na província. Em outro período da programação, o grupo teve a oportunidade de meditar acerca dos textos bíblicos interpretados para abominar o amor entre iguais. Após as discussões, os participantes compartilharam a Santa Ceia no início da noite.

Dinâmica de abertura
Sem dúvida a reunião foi proveitosa. A ausência de crachá e o encerramento às 23h foram falhas que não impediram o crescimento pessoal de todos e todas. Laços de amizade iniciaram, a vontade de cooperação se fortaleceu, risos e lágrimas enriqueceram depoimentos e até o silêncio surgiu quando nasceu a controversa questão: “vocês estão denunciando a invisibilidade diante do clero”?
Esta primeira edição do encontro na capital do país é um registro histórico com diferentes significados. Inicialmente, a parcela de homoafetivos se interessa em ser de fato integrada ao acolhimento que lhe é oferecido, isto é, quer efetivar o conceito de inclusividade, através da ampliação de um engajamento já experimentado. Depois, há a intenção de desconstruir imagens pré-concebidas, pelas quais o comportamento homoafetivo é associado a indignidades. Por fim, testemunhar o amor de Cristo é uma postura a ser adotada em todos os ambientes. Esse testemunho também é prover, exercer e avaliar ações dialogais no espaço da comunidade, usando a estratégia invencível do amor que necessita pautar formações pastorais e teológicas sobre homoafetividade.

Partilha de ideias

Homoafetivos anglicanos sabem que qualquer resultado sobre a aprovação do rito matrimonial não encerra a luta contra as formas de opressão assassina, culpabilizante e demonizadora. Tampouco a eleição da primeira Bispa Diocesana do país finalizará a batalha para vencer o patricarcado da violência e a inferiorização do feminino. “As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo” (Cânticos 8:7a).   

Fotos: Reverendo Luiz Coelho. Texto: Osvaldo Junior (SRTE 3612 BA)

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