Banco de sêmen e barriga de aluguel: entre a solidariedade e o comércio
Por
Osvaldo Jr (DRT 3612 Ba)
O
ato de gerar uma criança com auxílio de técnicas de reprodução assistida (RA) costuma
envolver temas polêmicos como lucro, ética, pecado, novos formatos familiares, direito,
moral e outros aspectos relacionados. De acordo com Marilena Corrêa,
Conselheira do Projeto Ghente, a RA é usada para “... tentar viabilizar a
gestação em mulheres com dificuldades de engravidar”. Em um processo de inseminação
artificial, o médico pode utilizar gametas do próprio casal ou de doadores
anônimos.
Adilson Lopes Puridade, administrador, nunca
doou espermatozóides e declara “eu ficaria tranquilo diante de Deus nessa
situação. Se a pessoas quisesse eu aceitaria uma remuneração e também em caso
de necessidade minha eu faria por dinheiro. Mas, antes de qualquer fazer coisa,
eu doaria de livre e espontânea vontade até para desconhecidos. Eu sou doador
de órgãos e acho que a gente deve dar de graça o que de graça recebemos”. Ao
contrário de Puridade, a funcionária pública Cristina Moreira (nome fictício)
jamais doaria óvulos. “Iria me sentir mal em saber que dei um filho meu. Não
faria isso nem se minha filha pedisse. Alugar a barriga eu não vejo problema
porque acho que a criança não seria minha”, relata.
Mas
a polêmica não termina aí. Segundo o advogado Mateus dos Santos, a restrição
ética de bancos de sêmen - em nunca revelar a identidade dos doadores - não
tira o direito das pessoas que desejam conhecer os pais verdadeiros. Confiando
nessa perspectiva, a canadense Olívia Pratten iniciou um processo judicial para descobrir quem é seu pai doador. Olívia
nao é um caso isolado. Em 2012, nos Estados Unidos, a publicação da pesquisa “O
Nome do Meu Pai é Doador” revelou que 242 pessoas nascidas pela doação de
esperma tem interesse em saber suas origens biológicas.
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Infográfico: http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com.br/2010/05/reproducao-assistida-uma-questao-etica.html
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A teóloga Bianca Daéb’s Seixas Almeida acha que o debate sobre doação de espermatozoides e
óvulos é relativamente novo. “Nenhum episódio bíblico registra isso, então cada
expressão religiosa tem uma opinião sobre o assunto”, afirma.
Para quem deseja recorrer a
uma das alternativas de RA é aconselhável procurar ajuda médica. No Brasil, a RA se guia pela
resolução 1358/92 do Conselho Federal de Medicina. O quarto capítulo, por
exemplo, adverte que a doação de espermatozoides e óvulos não pode ser comercial.
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