Opinião: “Um dia sem Deus” - parte 2
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“O
jogador de futebol faz um gol e agradece a Ele. Deus é torcida. O time adversário
empata e o outro jogador aponta um dedo para o céu: “obrigado, Senhor!”. Deus é
volúvel. No vidro traseiro do carro está escrito em letras garrafais: “Foi Deus
que me deu”. Deus é (pa)pai. Num cartaz de metrô, divulga-se um novo aplicativo
para smartphone: está sem tempo? Basta fazer o upload do seu pedido e outras
pessoas rezam por você. Deus está online. Claro, o aplicativo aceita pagamento
por cartão de crédito. Deus é capitalista.
Se
somente por um dia pudéssemos todos esquecer a palavra Deus e dar às coisas o
nome que elas verdadeiramente têm, talvez evitássemos que o Mistério, a interrogação
primeira e última, a mais poderosa ilusão humana, se reduzisse a uma projeção coletiva
banal e cruel. Porque, com certeza, se existir, Deus é mais.
Texto extraído da seção Cotidiano, Revista Muito A Tarde, edição 135, de 12/10/14. Por Moema Franca (moema.franca@gmail.com).
Texto extraído da seção Cotidiano, Revista Muito A Tarde, edição 135, de 12/10/14. Por Moema Franca (moema.franca@gmail.com).